segunda-feira, 15 de junho de 2009

Árvores

Árvores com galhos secos, são raízes ao vento, o mundo de cabeça para baixo. Minhocas fazendo ninho em seus galhos sedentos, à procura constante do coração do mundo, enquanto do outro lado, surge a busca de seu agasalho verde. Folhas a um tempo esquecidas por causa da seca, fazendo nuas as pontas frágeis e cansadas de sua guerra árdua contra ventos incansáveis. Pontas solitárias a não ser por meus olhos e sua curiosidade, à procura de algum sobrevivente na imensidão ressequida. Nada. Nem um eco de um bem-te-vi distante, nem a sombra negra das asas do anunciante mórbido, caçador de corpos sem alma, sobrevivente da desgraça alheia. Presença cada vez mais solitária nessa paisagem de extremos: azul radiante em um céu claro, branco pálido e amarelado em um solo quente, céu negro acompanhado de estrelas, pontos brilhantes que salpicam ao redor de uma lua imensa e cintilante, ilustre companheira da noite, às vezes cheia ou minguante, nova ou crescente, oscilando sua beleza cada vez mais realçada pela neutralidade assombrosa do chão. Um museu a céu aberto, um jardim de ossos, um zoo de seres de sangue frio ou com sangue frio, onde as únicas aves que vemos com frequência são as aves de metal, riscando o âmago do infinito com suas porcas e parafusos, profanando a eternidade do silêncio do universo com seus motores, lembrando que ainda há civilização nesse ambiente insólito.

Um comentário:

  1. parabens iza... fiquei surpresa...n se espante!!! nem fique chateada!!! rsrrs
    é que eu n conhecia esse seu lado... nem a da lê...
    vcs sao otimas...bjus

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