segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Fuga-cidade

Quero fugir dessa cidade
Quero ir quem sabe
Pra Terra do Nunca
E nunca crescer
Que crescer é muito chato
E gente grande corre muito
E eu sou lenta, lesma
Devagar quase parando
A não ser que seja pra brincar
Correr, pular, dançar
Aí sou esfuziante
Sibilante como o vento
Mas aqui não dá pra voar
Nem há espaço pra borboletas
Nem pra flores
Nesse ar urbano cheio de CO2
E outras porcarias
Esses robôs e máquinas
Esse entulho cibernético
Que junta todo mundo num ideal vazio
Desleal, Insensível, Grotesco
Vai levar o homem de volta pras cavernas
Pra sombra da estupidez
Pra dureza da insensibilidade
Pra frieza da brutalidade
Pra escuridão total da insensatez
Por favor, alguém me salve!
Não quero fazer parte dessa insanidade
Que seja eu insana aos olhos todos
Mas que permaneça eu
in - sanidade
Meu Peter Pan me salve!
Que como és eu quero ser também
Criança eterna
Vivendo aventuras
Tocando uma flauta mágica
Rodando pelos ares
Sem me importar com a fome dos burgueses
Mas alimentando o sonho
As esperanças
E o estômago
Dos que são menos que lixo pro mundo
Lixo ainda é reciclado e volta a ser dinheiro
Eles nada são
E morrem todos os dias
Porque na verdade já voltamos pras cavernas
Umas têm TV de plasma e ar condicionado
Mas quase nenhuma delas estremece ao ver a fome
A dor
A morte por dez centavos
A guerra por gasolina
A merda toda fedendo
E as narinas já acostumadas ao cheiro de latrina
As retinas já acostumadas à chacina
Ai meu Deus!
Não eu!
Por favor!
Não eu!
Deixa eu ser diferente
Não aceito me encaixar
Igual uma massa de bolo
Numa forma qualquer que tentem me impor

Luz
Entendimento
Sabedoria
Conhecimento
Renovação do Pensamento
São alguns ingredientes
Do bolo dos
Inconformados